sábado, 25 de julho de 2009

1969

É interessante pensar que eu nasci no mesmo ano em que outros eventos significativos aconteceram, como a chegada do homem à Lua e o festival de Woodstock.
Também foi o ano em que os Beatles lançaram Abbey Road, com a famosa foto dos quatro atravessando a rua londrina de mesmo nome e que também batizou o estúdio dos quatro rapazes de Liverpool.
Apesar de ter sido o penúltimo álbum lançado pela banda, foi o último a ser gravado. As canções de Let It Be, último disco lançado pelos Beatles, foram gravadas meses antes.
Muitos consideram este o melhor álbum do grupo. De fato, é um excelente disco mas não acho o melhor. Prefiro Rubber Soul (1965) e o clássico Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967).
Mas Abbey Road é um álbum que me marcou pois foi um dos dois que tínhamos aqui em casa (o outro era Help!), até que eu comprasse o restante dos álbuns no início dos anos 1990.
Eu costumava a ouvi-lo muito raramente na infância, nos anos 70, época em que eu não era muito fã do quarteto britânico. Apenas gostava de algumas músicas deles, principalmente Hey Jude (com seu interminável "na-na-na-naaaa...") que eu ouvia num compacto que minha tia tinha. Lembro ainda de ter assistido Help! várias vezes na Sessão da Tarde. Fora isso não sabia mais nenhuma informação sobre o grupo. Eu achava, por exemplo, que Lucy In The Sky With Diamonds era uma música feita pelo Elton John, e não um cover dos Beatles. Please Mr. Postman, pra mim, tinha sido gravada apenas pelos Carpenters. Foi ouvir a versão dos Bealtles muitos anos depois. Da mesma maneira, ouvi Dear Prudence primeiramente com Siouxsie and The Banshees nos anos 80, antes de ouvir a versão original.
Ainda nos tempos de criança, quando minha mãe (que comprou os dois álbuns que tínhamos) adorava ouvir os Beatles, eu, por outro lado, mal lembrava de seus nomes e achava estranho o visual hippie, com cabelos e barbas longas, que eles adotaram nos últimos anos de existência da banda. Também não entendia por que eram chamados de "quatro cabeludos" no início de carreira, quando usavam aquele cabelo "cambuquinha". Cabeludos eles tinha ficado no final da carreira! Muito tempo depois fiquei sabendo que até o início dos anos 60 os homens usavam cabelos bem curtinhos, tipo exército. Homem com cabelo um pouco mais comprido já era visto com desconfiança quanto à sua sexualidade.
Não me lembro bem porquê, mas no final dos anos 80 que eu comecei a me interessar mais pelos Beatles, tornando-me um grande fã. Na época fazia faculdade em São Paulo, não tinha muito dinheiro, mas juntava o pouco que tinha para ir comprar os LP's nas lojas do centro da cidade, pois a única loja de disco que tinha no bairro em que eu morava só vendia CD's (aparelho que ainda não tínhamos em casa). Eu pegava um ônibus até a Praça da República para ir em lojas como Brenno Rossi e Bruno Blois (que não existem mais) comprar os discos. Não era difícil achar, pois haviam sido relançados anos antes remasterizados (em LP e CD).
Em pouco tempo tinha a discografia completa. Tornei me fã do grupo. Comecei a fuçar informações sobre eles, aluguei (e copiei) os VHS de Help! e Submarino Amarelo.
Hoje não sou um fã ardoroso, mas ainda tenho muito carinho pelo grupo. Minha frustração é nunca ter assistido Magical Mistery Tour.
Os Reis do Ié-Ié-Ié (A Hard Day's Night)
assisti ano passado, no Telecine.
Mas voltando a Abbey Road, assunto original desse post, quem ainda não conhece vale a pena ouvir. Os maiores destaques do LP, no entanto, não são as músicas assinadas por Lennon/MacCartney. E sim Something e Here Comes The Sun, de George Harrison (que graças a Deus tinha dado um tempo com aquelas músicas indianas).
Outra curiosidade é Her Majesty, que é uma espécie de bonus-track meio que escondida no álbum. Nem foi creditada na contra-capa da edição original em vinil. É a última música do lado B, que só começa depois de um longo silêncio após o final da música anterior. O espaço é tão longo que dá a impressão que o disco já terminou. Ainda por cima, Her Majesty dura apenas 23 segundos. É tocada apenas com um violão e cantada em um tom bem baixo por Paul MacCartney. Foi criada por Paul após os Beatles terem recebido os títulos de Membros do Império Britânico das mãos de Elizabeth II, em 1965. Segue a tradução:

Her Majesty / Sua Majestade
(Lennon-MacCartney)

Sua majestade é uma garota linda e legal
Mas ela não tem muito a dizer
Sua majestade é uma garota linda e legal
Mas ela muda de um dia para o outro
Eu quero contar para ela que eu a amo muito
Mas é preciso me encher de vinho
Sua majestade é uma garota linda e legal
Algum dia eu a tornarei minha
Oh, yeah, Algum dia eu a tornarei minha

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