quinta-feira, 9 de julho de 2009

Expô - 50 anos

Começou na quarta-feira, 08/07, a quinquagésima edição da Exposição Agropecuária de Araçatuba.
De cara, já chama a atenção o fato de os organizadores não estarem explorando o meio século de existência da feira. E olhe que a empresa que a organiza é ligada a uma agência de propaganda.
Nenhum selo comemorativo foi criado, assim como nenhuma ação específica está acontecendo relacionado à data. A campanha de divulgação, especialmente na TV, é uma das mais fracas dos últimos anos. Fraca também é a programação de shows. Ainda mais se compararmos com a edição do ano passado que teve estrelas do porte de Ivete Sangalo e Cláudia Leite.
Mas nem por isso os preços dos ingressos tiveram uma queda brusca. Óbvio, não há nenhum dia com ingressos a R$ 25,00 como no ano passado nos shows das duas cantoras baianas. Mas com valores em média de R$ 18,00, ainda está muito caro para os bolsos da maioria dos araçatubenses e turistas que costumam vir de várias regiões, até mesmo de outros estados. Lembrando que fora o ingresso, os visitantes tem que pagar pelo estacionamento, além de outras despesas que poderão ter dentro do Recinto de Exposições, como alimentação e parque de diversões.
Quem esperava uma queda maior nos preços este ano, principalmente ante à queda de público evidenciada na edição de 2008, acabou se decepcionando.
É possível sentir na cidade um certo desinteresse por sua festa mais tradicional. E isso parece estar acontecendo também com os turistas. A Pantanal, única empresa aérea que opera na cidade (um assunto para um próximo blog), declarou hoje em um jornal local que pela primeira vez em muitos anos os vôos entre Araçatuba e São Paulo não estão com lotação total.
Ainda não há informações sobre as vagas em hotéis (que nos anos anteriores lotavam meses antes, obrigando os desavisados a se hospedarem em hotéis de outras cidades, inclusive em municípios distantes como Lins, que está a 100Km de Araçatuba).
A diminuição do público e suas causas é uma situação que a Organizadora e o Sindicato Rural terão que analisar para o ano que vem.
Mas é bom ver que apesar dessa certa pasmaceira, a Expô ainda consegue manter tradições que encantam a muitos. Como a tradicional cavalgada de tropeiros, que aconteceu hoje (09/07) de manhã. Centenas de peões, cavaleiros e amazonas saíram de um posto de combustíveis localizado na Rodovia Marechal Rondon e seguiram em "comitiva" pelas principais ruas e avenidas da cidade em direção ao Recinto "Clibas de Almeida Prado", onde acontece a Expô, para participar da "Queima do Alho". Foi um belo desfile de carros-de-boi, éguas e cavalos, muitos deles carregados de acessórios e penduricalhos de fazer inveja aos balangandãs de Carmen Miranda.
Pessoas saíram de suas casas, principalmente crianças, para verem a parada de animais e seus hábeis condutores vestidos à caráter. Com o sol forte, muitos "cowboys" e "cowgirls" refrescavam-se com latinhas de cerveja (algumas, inclusive, de marca diferente da patrocinadora do evento), o que gerou algumas comentários maliciosos do público, que gritavam para os condutores dos cavalos o slogan da lei seca: "se beber, não dirija"!
Alguns peões preferiram mostravam suas habilidades com o chicote, fazendo-os estalar no asfalto e soltando faíscas de suas pontas de metal. Tudo para o encanto do público que registrava com seus celulares e máquinas fotográficas digitais.
Mas nem tudo foi festa. Apesar do feriado e da divulgação da cavalgada na mídia, muitos motoristas foram pegos de surpresa e tiveram que aguardar bastante tempo pela passagem da comitiva. Na esquina que eu estava, alguns motoristas e, principalmente, motociclistas aproveitavam uma brecha no desfile para cruzar rapidamente a rua.
No entanto, nem todos tiveram sorte. Um senhor muito bem vestido dentro de seu Citroën preto metálico, mostrava estar no limite da paciência. Gesticulava com os braços e vociferava palavras que não pude escutar, mas que imaginava quais seriam. Ao seu lado, sua esposa igualmente bem vestida olhava espantada o interminável desfile que se desenrolava a sua frente. Já bastante alterado, seu marido resolveu disparar a potente buzina do seu Citroën. Alguns outros motoristas que estavam atrás também resolveram começar a buzinar. Uma medida perigosa, pois o barulho poderia assustar os animais provocando um estouro que poderia ferir quem estava assistindo na calçada, ou machucar muitas das crianças que participavam do desfile junto aos pais.
Vendo que o buzinaço não fazia efeito, o senhor do Citroën partiu para outra medida mais drástica. Começou a acelerar seu automóvel e avançar aos poucos, ameçando abrir caminho a força. Vaias para sua atitude pipocaram tanto entre os participantes da cavalgada, quanto das pessoas que assistiam na calçada. Mas ele insistia e continuava a avançar. Só se deteve quando um peão posicionou seu cavalo ante o carro, pedindo sorrindo e educamente que aguardasse o final do desfile. O sorriso do cowboy não comoveu o senhor do Citroën que voltou a gritar e gesticular.
Só parou quando, finalmente, um guarda-civil tomou o lugar do cowboy parando sua moto em frente ao automóvel. Resignado, o senhor do Citroën aquietou-se e acabou aguardando o final do desfile que terminou minutos depois. Rua liberada, saiu cantando pneus provavelmente xingando a todos enquanto dirigia-se ao seu destino.
Mal sabe ele que ainda terá mais um motivo para ficar nervoso.
Na ânsia de atravessar com seu carro, o senhor do Citroën parou sobre a faixa de pedestre e o radar da esquina disparou seu flash registrando a infração.

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