quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Plantão de Polícia

"Quem é o dono de um Fiesta?"
Quando eu ouvi essa frase pronunciada por um colega de trabalho três horas atrás, saquei na hora o que estava acontecendo: meu carro tinha sido roubado.
Não foi totalmente uma surpresa pois era algo que cedo ou tarde achava que ia acontecer. Trabalho à noite, as ruas próximas são meio escuras. Por causa da suspensão das aulas não há movimento próximo. Era um prato cheio para assaltantes.
Como o rapaz me explicou depois, não levaram o carro. Quebraram o vidro traseiro para abrir o carro, mas logo em seguida um outro rapaz que faz a manutenção do elevador do prédio onde eu trabalho apareceu no local. Os assaltantes se assustaram e fugiram. Esse rapaz da manutenção do elevador, de nome Leandro, foi correndo atrás do ladrão que havia quebrado o vidro do meu carro e fugiu a pé. Loucura! O meliante, como dizem os policiais, poderia estar armado.
Mas o Leandro nem pensou nisso. Foi tomado por uma raiva enorme pois já havia sido roubado uma vez tempos atrás. O caso dele foi ainda pior. Seu carro, também um Fiesta, teve os quatro pneus roubados, sendo deixado equilibrando-se em dois macacos hidráulicos.
E não é que o Leandro agarrou o cara? Depois de correr vários quarteirões gritando "Pega ladrão! Pega ladrão!", conseguiu agarrá-lo com a ajuda de outras pessoas que estavam na rua.
Nisso, chegou uma viatura da Polícia Militar que já tinha sido chamada pelo 190 (que agora é atendido por um sistema de automático igual de banco - disque "1" para isso, disque "2" para aquilo... até que finalmente você é atendido por alguém de carne e osso pra contar o que está acontecendo).
Uma hora depois estava eu, como vítima, e o Leandro, como testemunha, na Delegacia para registrar o Boletim de Ocorrência.
Coitado, ele nem é de Araçatuba, mora em Ribeirão Preto e no dia seguinte ainda tinha que ir pra Presidente Prudente antes de voltar para sua cidade.
Na Delegacia foram duas horas para todos os procedimentos burocráticos. Para piorar, a impressora enguiçou consumindo mais alguns minutos, até que conseguissem imprimir as oito vias do B. O.
Agora estou em casa, refletindo sobre o ocorrido. Não estou desesperado ou triste.
Primeiro porque não levaram nada. Segundo porque o único prejuízo que tive, o vidro quebrado, o Seguro cobre. Terceiro porque já havia passado por situação semelhante anos atrás: carro na rua, vidro quebrado, nada roubado.
Nessa ocasião, sim, fiquei aflito, pois era a primeira vez que passava por aquilo. Me sentia fragilizado, atônito por estar passando por um ato de violência em Araçatuba, depois de ter morado seis anos em São Paulo sem nunca ter sofrido nenhum tipo de assalto.
Mas logo passou. O Seguro pagou o vidro quebrado e dei graças a Deus por ter sido só isso. Eu continuava inteiro, vivo!
Hoje dou graças a Deus também por nada de ruim ter acontecido nem comigo, nem com o coitado do Leandro.
Também agradeço ao pessoal do meu trabalho e aos vizinhos que estiveram lá me apoiando. Aos Policiais-Militares que me atenderam e conseguiram prender não somente o ladrão que o Leandro havia pego, como também seus comparsas que fugiram num Gol cuja placa havia sido anotado pelo heróico Leandro.
Grato também ao delegado que registrou a ocorrência. Às vezes a gente faz um mal-juízo do tratamento dado pela Polícia (Civil e Militar), mas raramente na vida fui tratado com tanto educação e consideração como hoje na Delegacia.
Espero um dia poder retribuir a todos que me ajudaram. Hoje o máximo que posso fazer é orar a Deus e pedir para que Ele olhe por estas pessoas, assim como Ele olha por mim.
Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário