segunda-feira, 8 de junho de 2009

Se não pode na Lua, manda pro interior do estado.

Inicio esse blog comentando uma entrevista que me deixou profundamente indignado.
O entrevistado, no caso, foi Aloysio Nunes Ferreira, secretário da Casa Civil do governador José Serra, entrevistado pela Associação Paulista de Jornalismo (APJ) e publicada na Folha da Região, de Araçatuba, no último domingo (07/06/2009).
A indignação foi com o total desprezo com um dos assuntos que mais tem contribuído para a decadência da qualidade de vida no interior de São Paulo: a construção de presídios em vários municípios paulista. Indagado sobre o assunto, o secretário respondeu: "não dá pra construir presídio na lua. O presídio tem que ser colocado nas cidades e regiões onde é mais necessário".
Ora, sr. secretário, por favor me responda quem disse que as cidades do interior do estado necessitam de presídios!
E este senhor ainda completa dizendo que é preciso construir presídios no interior para que o preso fique próximo de suas famílias.
Se isso fosse verdade, não comentaria nada. Mas o fato é que a maioria dos sentenciados não são de cidades do interior e nem cometeram crime na região. São criminosos da capital que, com o fim do Carandiru, têm que ser enviados pra cá. E com eles, vieram junto suas famílias para ficarem próximos de seu parente encarceirado. Ou seja, se o objetivo era evitar o deslocamento dos familiares dos presos, o que se tem visto é exatamente o inverso.
E para piorar, boa parte destes familiares são tão perigosos quanto o criminoso que está cumprindo pena. Prova disso é o aumento dos assaltos, assassinatos e prostituição nas cidades do inteior. Aqui na região, municípios como Mirandópolis e Valparaíso (que têm dois presídios cada uma) há muito perderam sua tranquilidade. Araçatuba, que por ser sede de região e ter um Centro de Ressocialização absurdamente encravado no meio da cidade, sofre também atraindo os familiares e amigos destes criminosos que vêm à cidade cometer crimes.
Foi-se o tempo das residências com portões baixos (ou até mesmo sem portões como era minha casa 20 anos atrás). Hoje o que se vê por todo lugar são altos portões de ferro, cercas elétricas, alarmes e câmeras de vídeo. Equipamentos com os quais o cidadão honesto e trabalhador tenta proteger a si e a sua família.
Ironicamente, enquanto o estado investe milhões nos presídios, as cadeias das cidades (destinados a presos ainda não julgados) estão caindo aos pedaços e superlotadas, obrigando ladrões de galinha a dividirem o mesmo espaço com criminosos de alta periculosidade.
Triste ação do governo José Serra que deveria sair mais do Palácio do Governo no Morumbi (região nobre e chique da capital) para conhecer melhor a degredação que está promovendo no interior paulista.

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